7º Fórum de Gestão e Economia da Energia
21 de novembro de 2017
Novas ações e boas perspectivas dão impulso ao setor de eficiência energética
As perspectivas para o setor de eficiência energética no Brasil são positivas. Aliás, bem positivas. O consenso é dos palestrantes do 7º Fórum de Gestão e Economia de Energia, realizado na manhã do último dia 21 de novembro, na Fiesp, em São Paulo. Entre as boas notícias estão o aumento das iniciativas do governo federal nessa área, via Ministério de Minas e Energia (MME) e do Ministério do Meio Ambiente (MMA), e também do crescimento do número de cases de indústrias que conseguiram ganhos econômicos ao adotarem a ISO 50.001, que é a norma internacional que trata da gestão e economia de energia.
“Estamos encerando 2017 com novas ações em várias frentes de trabalho, como na realização de seminários sobre a implantação da ISO 50.001, com programas de apoio às indústrias, às pequenas e médias empresas, além de acordos de cooperação com a Alemanha, o Japão e com a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial – a Unido", conta George Alves Soares, Coordenador Geral de Eficiência Energética, da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME, um dos palestrantes do evento.
Este ano, o MME também retomou as atividades do grupo de trabalho que trata da eficiência energética das edificações e criou um grupo para tratar de motores recondicionados. “O Brasil tem muitas iniciativas quando o tema é motor novo para a indústria, mas não tinha nada sobre reparos. Junto com o Senai, criamos um plano para preparar mão-de-obra para cuidar de forma eficiente dos motores que precisam de reparos. As perdas nesse setor chegam a 7,1TWh/ano", afirma Soares.
As ações do MMA em eficiência energética
A intrínseca relação entre o consumo de energia, a emissão de gases poluentes na atmosfera e o tema mudança climática levou o MMA a desenvolver várias ações relacionadas à eficiência energética. O Brasil assumiu compromissos ambientais na UNFCCC – United Nations Framework Convention on Climate Change e COP 21 – United NationsConferenceon Climate Change, de atender, até 2030, 10% da demanda nacional de energia com ações de eficiência energética.
“Temos várias ações nessa área, mas o destaque é o programa que realizamos na área de edificações, onde já foram colocados em prática 35 projetos que já estão colaborando para a redução das emissões de CO2. Além disso, o prédio do Ministério do Meio Ambiente, em Brasília, foi o primeiro prédio público a receber a etiqueta A do Procel, pelo projeto de eficiência energética", conta Alexandra A. Maciel, a representante do MMA no evento.
O setor de edificações responde atualmente por mais de 40% do total da eletricidade consumida no Brasil. Por essa relevância, o segmento foi o escolhido pelo MMA, para a mitigação da mudança global do clima. A idéia é fomentar as melhores práticas de uso dos recursos energéticos e contribuir com a economia de até 106,7 TWh de eletricidade nos próximos 20 anos e com a redução de emissões de gases de efeito estufa em até 3 milhões de toneladas de dióxido de carbono (tCO2).
Ações públicas são fundamentais
“A existência de ações e projetos do governo na área de eficiência energética é fundamental para impulsionar esse setor, pois ele é o responsável pela formulação de políticas públicas", afirma Alberto J. Fossa, diretor-executivo da Associação Brasileira pela Conformidade e Eficiência de Instalações – Abrinstal, coordenador do Comitê Brasileiro de Gestão e Economia de Energia – o CB116/ABNT, e também o representante do Brasil no Comitê Técnico (TC301, da ISO 50001) responsável pelas normas internacionais de eficiência energética.
O potencial do impacto mundial com a adoção de ações de eficiência energética, tanto financeiramente – com a redução dos gastos com a conta de energia devido à diminuição do consumo-, como nas emissões de gases do efeito estufa são impressionantes. Segundo levantamento da ISO 50001, até 2030, a adoção de ações de eficiência energética poderia gerar economia de 95 EJ de energia primária, redução de US$ 600 bilhões nas contas e seriam evitados 6.500 Mt de emissão de CO2. De uma forma mais compreensível, seria o equivalente a tirar de circulação 215 milhões de veículos das vias públicas.
“A ISO 50.001 é uma ferramenta altamente eficaz para para reduzir o consumo de energia nas corporações e sua aplicação tem crescido a um ritmo muito grande. Para se ter ideia, o número de emissão de certificados dessa norma quase duplicou de 2015 para 2016, passando de 11.985 para 20.216", conta Fossa.
Alemanha lidera número de certificações da ISO 50001
Se tem um país que é destaque na adoção da ISO 50001 é a Alemanha, que sozinha responde por quase metade das certificações emitidas no mundo inteiro; são mais de nove mil empresas certificadas. A Inglaterra ocupa o segundo lugar no ranking; lá, 2.829 corporações têm a ISO 50001. No Brasil, até 2016, eram 33 empresas certificadas.
O segredo da Alemanha, segundo Detlef Borst, especialista em eficiência energética, é adoção de uma estratégia de longo prazo, com incentivos públicos e descontos fiscais. “O governo incentiva as empresas a adotarem a ISO 50001 e o resultado é visível pelo número de corporações certificadas. É bom para o país e para as empresas", afirma Borst.
Exemplo de empresa no Brasil
A farmacêutica Baxter foi a primeira empresa do Brasil, do ramo médico hospitalar a ser certificada na ISO 50001, no final do ano passado. “O processo todo foi muito bem implementado e os resultados estão sendo ótimos, pois conseguimos economizar na conta de energéticos e reduzimos as emissões", conta Alaerton de Oliveira Andrade Júnior, supervisor de engenharia da Baxter.
Para Andrade Júnior, é fundamental, na implatação da ISO 50001, o envolvimento da alta gerência no processo, além da participação dos funcionários de todos os níveis da organização , pois todos são responsáveis pelo consumo de energia. A dica dele para as empresas interessadas na obtenção do certificado é começar pelos processos de menor complexidade, que possam gerar resultados a curto prazo e também gerar fluxo de caixa para implementação de projetos maiores.
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