Shell cogita investir em infraestrutura de gás natural 09/10/2019


A Shell está aberta a investir em infraestrutura de gás natural, no futuro, se a opção for “fundamental” para eliminar gargalos para escoar o gás da companhia, no pré-sal, até ao mercado, disse ontem o gerente-executivo de desenvolvimento de negócios da empresa no Brasil, Guilherme Perdigão. Segunda maior produtora do país, a petroleira busca consumidores para o gás que a Petrobras deixará de comprar da multinacional, como parte de um compromisso assumido com o Cade.

“É uma oportunidade de negócios que estamos avaliando. Normalmente o investimento em midstream [infraestrutura de escoamento e transporte] está atrelado, de forma estratégica, à oportunidade do upstream [exploração e produção] ou necessidade do downstream [venda ao consumidor]. Mas quando [a falta de infraestrutura] passa a ser um gargalo para viabilizar nossa produção ou nossa posição de downstream, ele [o investimento] acontece”, afirmou Perdigão.

A Shell deve, até o fim de ano, ter sua posição reestruturada na infraestrutura de gás, no país. A companhia está em negociações finais com a Petrobras, Repsol e Galp, para a formação de um Sistema Integrado de Escoamento (SIE). O objetivo é reunir todos os gasodutos marítimos do pré-sal numa única empresa e construir um sistema integrado de forma que a estatal e seus sócios tenham participações societárias uniformes em todo o sistema. Hoje, a Petrobras opera três rotas de escoamento até a costa do Rio de Janeiro e de São Paulo, mas detém participações diferentes em cada um dos gasodutos.

Segundo Perdigão, o desenvolvimento da infraestrutura – e de um mercado de gás natural – é uma necessidade, para que os grandes projetos de produção de petróleo – e de gás associado – do pré-sal se viabilizem.

Nesse sentido, ele confirmou que a companhia participará do leilão de energia nova A-6, da semana que vem, com um projeto de expansão da termelétrica Marlim Azul (565 megawatts), em Macaé (RJ), onde a multinacional possui uma fatia de 29,9%, em sociedade com a Pátria Investimentos e a Mitsubishi. A usina, prevista para 2023, foi um primeiro passo dado pela petroleira para monetizar sua parcela de gás no pré-sal.

Sócia da Petrobras em dois dos principais campos do pré-sal (Lula e Sapinhoá), a petroleira é a segunda maior produtora do Brasil, com volumes de 15 milhões de metros cúbicos diários (m3/dia) – o equivalente a 11% de todo o volume produzido no país.

Hoje, esses recursos são vendidos para a Petrobras. A estatal, porém, se comprometeu junto ao Cade a não renovar seus contratos para compra de gás de terceiros, o que abre oportunidades para empresas como a Shell se consolidarem como fornecedoras. Para a expansão de Marlim Azul, por exemplo, Perdigão conta que a ideia é abastecer a usina com parte do gás que a Petrobras deixará de comprar da empresa.

Segundo Perdigão, a companhia optou por começar a monetizar o seu gás por meio da geração termelétrica porque o mercado de energia elétrica, no Brasil, está mais consolidado do que o de gás. A petroleira, no entanto, olha também para oportunidades de venda de seu gás para distribuidoras e para indústrias, no mercado livre de gás. “Nosso objetivo é criar um portfólio diverso”.

Fonte: Valor Econômico

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