Construcarta Conjuntura: Indicadores antecedentes registram melhora 03/10/2019


PIB só retornará ao nível de 2014 – recorde da série histórica – em 2022

O ritmo de atividade econômica tem como principal indicador o PIB trimestral. No entanto, dada a defasagem tradicional desse indicador, resultado da complexidade da metodologia de estimação, é comum entre os analistas o acompanhamento dos chamados “indicadores antecedentes” e dos “indicadores contemporâneos”. Trata-se de um conjunto de estimativas que indicam tendências de curto prazo no ritmo da atividade econômica, antecipando em meses o dado oficial sobre PIB. No contexto brasileiro atual, ao menos dois deles estão apontando para uma melhora mais consistente no ambiente de negócios.

O ICC – Índice de Confiança do Consumidor da FGV apresentou alta de 1,1 ponto em agosto, atingindo o maior valor desde abril deste ano (89,2). A metodologia desse índice define como 100 o nível de neutralidade. Valores abaixo dessa marca indicam pessimismo e, acima dela, otimismo. Assim, o nível de agosto sugere a redução do pessimismo do consumidor, mas ainda se situa pouco mais de 10 pontos abaixo da marca da neutralidade.

Para essa relativa melhora do ICC certamente estão contribuindo fatores associados às condições econômicas atuais. Nesse sentido, a criação de mais de 120 mil postos de trabalho com carteira assinada foi decisiva. Esse foi o melhor resultado para o mês de agosto desde 2013, quando a economia dava seus primeiros sinais de desaceleração. Esse impacto da criação de empregos também explica o perfil da melhora do ICC. Em primeiro lugar, o componente “situação atual” foi o grande responsável pela alta do indicador, tendo se elevado 3,4 pontos em relação ao mês anterior (com ajuste sazonal), enquanto o componente “expectativas” permaneceu praticamente inalterado (-0,5 ponto). Também confirma a correlação entre o ligeiro aquecimento no mercado de trabalho e o comportamento do ICC o fato de que este último indicador melhorou mais na faixa de renda até R$ 2 mil: avanço de 5,2 pontos contra o mês anterior frente a apenas 1,1 ponto quando se considera o ICC total.

O segundo indicador de interesse é a arrecadação tributária. Enquanto o ICC é considerado um indicador antecedente, a arrecadação é um indicador contemporâneo de atividade. Em agosto, a receita tributária da federal teve alta de 5,7% frente ao mesmo mês de 2018, já descontada a inflação. Em que pese algumas receitas “extraordinárias” que, segundo o Ministério da Economia, somaram R$ 5,2 bilhões, a arrecadação da União atingiu naquele mês a marca total de R$ 120 bilhões, o melhor nível para um mês de agosto em cinco anos.

Todos esses dados sugerem que, depois do clima de incerteza do primeiro semestre, a economia está encontrando seu ritmo de crescimento, ainda que em uma marcha lenta e difícil. E, graças a isso, as expectativas de crescimento do PIB para o ano de 2019 fechado estão se acomodando em cerca de 1%. Caso se confirmem essas expectativas, o PIB terá seu terceiro ano seguido de avanço, sempre no mesmo ritmo. No entanto, mantido esse padrão de crescimento anual, o PIB só retornará ao nível de 2014 – recorde da série histórica – em 2022. Enfim, apenas confirmando que se vive a mais lenta recuperação que se seguiu a uma crise (desde o final do século XIX).

Fonte: SindusConSP

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